Lucas Magalhães nasceu em 1992, em Contagem/MG, carregando no olhar as marcas de uma periferia que ensina a lutar antes mesmo de compreender o porquê. Homem branco cis e periférico, formou-se em Design Gráfico na Escola de Design (UEMG) no ano de 2015, mas logo percebeu que o título de "designer" era estreito demais para abarcar o que nele já se movia, sem saber que a vida o conduziria a uma inquietação que só a arte saberia apaziguar.

Começou onde muitos começam: na observação. Mas o que ele via não eram apenas manifestações culturais, religiosas e populares, eram memórias em movimento, territórios em disputa, sonhos que dançavam entre o real e o imaginado. O que fez, então, foi capturar esses gestos com a câmera e, mais do que isso, devolvê-los ao mundo como narrativas visuais, onde a estética é também ética, e cada cor ou sombra era uma declaração que resistem ao apagamento e denunciam as violências de um sistema que insiste em invisibilizá-las 

No México, em uma residência artística em San Cristóbal de Las Casas, mergulhou na arte zapatista, aprendendo que criar é um gesto de guerra e que o território é sempre um campo de batalha. De volta ao Brasil, trouxe consigo a convicção de que a arte pode ser trincheira e que as imagens, como os gritos de um povo, precisam ecoar em resistência.

Hoje reside em Paraty/RJ e desenvolve trabalhos em pintura e xilogravura, não buscando respostas, o que deseja é perguntar, insistir. E é dessa persistência, desse questionar, que nascem as imagens que oferece ao mundo, como quem entrega não só o que vê, mas o que é.